Canção para Simeão

Senhor, os jacintos Romanos florescem em taças e
O sol sinuoso rasteja pelas colinas nevadas;
A insistente temporada tomou posição.
A minha vida é leve, esperando o vento da morte,
Como uma pena nas costas da minha mão.
Poeira na luz do sol e memória nos cantos
Esperam o vento que gela rumo à terra morta.

Concede-nos a paz.
Caminhei por muitos anos nesta cidade,
Mantive a fé e o jejum, providenciei os pobres,
dei e recebi honras e uma vida fácil.
Nunca houve nenhum enjeitado à minha porta.
Quem se lembrará da minha casa, onde viverão os filhos dos meus filhos?
Quando vier a hora da tristeza?
Tomarão o caminho das cabras e a casa da raposa,
Fugindo de estrangeiros rostos e de espadas.

Antes do tempo das cordas, dos flagelos e lamentação
Concede-nos a tua paz.
Antes das estações da montanha da desolação,
Antes da hora certa da tristeza materna,
Agora, nesta época de nascimento e morte,
Que o Menino, a Palavra ainda muda e não dita,
Conceda o consolo de Israel
Àquele que tem oitenta anos e não tem amanhã.

De acordo com a tua palavra.
Eles Te louvarão e sofrerão em cada geração
Com glória e escárnio,
Luz sobre luz, subindo a escada dos santos.
Não é para mim o martírio, o êxtase do pensamento e da oração,
Não é para mim a visão última.
Concede-me a tua paz.
(Uma espada trespassará o teu coração,
E o deles também).
Estou cansado da minha própria vida e da vida desses que vierem depois mim,
Estou a morrer na minha própria morte e na morte desses que vierem depois mim.
Deixa o teu servo partir,
Que os meus olhos viram a tua salvação.




ARIEL POEMS, 1927-1954
T. S. Eliot Complete Poems 1909-1962
Harcourt, Brace & World, 1988.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

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