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TENZONE

  Será que as pessoas as aceitarão? (i.e. estas canções). Como uma jovem tímida de um centauro (ou centurião), Elas já fogem, uivando de terror. Serão tocadas pelas verossimilhanças? A sua estupidez virgem é tentadora. Imploro-vos, meus críticos amigáveis, não se preocupem  em me conseguir uma audiência. Acasalo com a minha espécie livre nos penhascos;  nos recessos ocultos Ouvi o eco dos meus cascos, em fria luz, na escuridão. Selected Poems of Ezra Pound A New Direction Paperbook New Directions Paperbook 66, 1957. Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

A CASA DE CHÁ

  A rapariga da casa de chá               Não está tão bonita quanto era antes, O Agosto desgastou-a. Não sobe as escadas com tanta ansiedade; Sim, chegará também à meia-idade,       E o brilho de juventude que espalhou sobre nós Enquanto nos levava       pãezinhos doces Não será mais espelhado em nós.               Chegará também à meia-idade. Selected Poems of Ezra Pound A New Direction Paperbook New Directions Paperbook 66, 1957. Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

"BLANDULA, TENELLA, VAGULA"

O que tens, ó minha alma, contra o paraíso? Não iremos antes, quando a liberdade for conquistada, Ser levados a um claro lugar onde      o sol deixe flutuar em nós através de folhas de oliveira Uma glória líquida? Se em      Sírmio, Minha alma, te encontrar, quando esta vida findar, Será que encontraremos algum promontório      consagrado Por apóstolos etéreos de deleite terreno, Não será o nosso culto fundado      em ondas, em Clara safira, em cobalto, em cianina, Em azuis trinos, os impalpáveis Espelhos móveis da mudança eterna? Alma, se Ela aí nos encontrar, será que algum rumor De paraísos mais elevados e de cortes      desejáveis Nos atrairá para além do pico nublado de Riva? Selected Poems of Ezra Pound A New Direction Paperbook New Directions Paperbook 66, 1957. Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

A ÀRVORE

Fiquei parado e era uma árvore no meio da floresta, Conhecendo a verdade das coisas invisíveis antes; De Daphne e do ramo de louro     E aquele velho casal festejando com deuses Que cultivava olmos no meio do mundo. Só depois que os deuses foram gentilmente suplicados e trazidos para dentro        Para o lar do seu coração Para que possam fazer esta coisa maravilhosa;        Embora eu tenho sido uma árvore em meio à floresta E muitas coisas novas entendidas        Isso foi uma grande loucura na minha cabeça antes. Selected Poems of Ezra Pound A New Direction Paperbook New Directions Paperbook 66, 1957. Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

Jornada dos Magos

"Tivemos um resfriado, Apenas a pior época do ano Para uma jornada, e uma jornada tão longa: Os caminhos profundos e o clima rigoroso, No auge do inverno." E os camelos irritados, com os pés doridos, refractários, Deitados na neve derretida. Houve momentos em que nos arrependemos, Dos palácios de verão nas encostas, dos terraços, E das raparigas de seda trazendo gelados. Depois os camelos amaldiçoaram os homens e resmungaram E fugiram, desejando os seus licores e mulheres, E os fogos da noite extintos, e a falta de abrigos, E as cidades hostis e as vilas inimigas E as aldeias sujas e cobrando preços elevados: Passamos por momentos difíceis. No fim preferimos viajar a noite inteira, Dormindo aos bocadinhos, Com as vozes cantando em nossos ouvidos, dizendo Que tudo isto era uma loucura. Então, ao amanhecer, descemos para um vale temperado, Molhado, abaixo da linha da neve, com cheiro de vegetação; Com um riacho corrente e um moinho de

Canção para Simeão

Senhor, os jacintos Romanos florescem em taças e O sol sinuoso rasteja pelas colinas nevadas; A insistente temporada tomou posição. A minha vida é leve, esperando o vento da morte, Como uma pena nas costas da minha mão. Poeira na luz do sol e memória nos cantos Esperam o vento que gela rumo à terra morta. Concede-nos a paz. Caminhei por muitos anos nesta cidade, Mantive a fé e o jejum, providenciei os pobres, dei e recebi honras e uma vida fácil. Nunca houve nenhum enjeitado à minha porta. Quem se lembrará da minha casa, onde viverão os filhos dos meus filhos? Quando vier a hora da tristeza? Tomarão o caminho das cabras e a casa da raposa, Fugindo de estrangeiros rostos e de espadas. Antes do tempo das cordas, dos flagelos e lamentação Concede-nos a tua paz. Antes das estações da montanha da desolação, Antes da hora certa da tristeza materna, Agora, nesta época de nascimento e morte, Que o Menino, a Palavra ainda muda e não dita, Conceda o co

Animula

"Emana da mão de Deus, da alma simples" Para um mundo plano de mudanças de luzes e ruídos, Para claro, escuro, seco ou húmido, frio ou quente; Movendo-se entre as pernas das mesas e cadeiras, Subindo ou caindo, agarrando-se a beijos e brinquedos, Avançando com ousadia, repentinamente alarmado, Recuando para o canto do braço e do joelho, Ansioso por ser tranquilizado, tendo prazer No brilho perfumado da árvore de Natal, Prazer no vento, no sol e no mar; Estuda o padrão iluminado pelo sol no chão Com veados correndo em volta de uma bandeja de prata; Confunde o real e o fantástico, Contenta-se com cartas de baralho e reis e rainhas, O que as fadas fazem e o que os servos dizem. O pesado fardo da alma em crescimento Confunde e ofende mais, dia após dia; Semana após semana, ofende e fica mais perplexo Com os imperativos de "é e parece" E pode e não pode, desejo e controlo. A dor de viver e a droga dos sonhos Enrolam a pequena alm