Marina
Quis hic locus, quae,
regio quae mundi plaga?
Que mares, que praias, que rochas cinzentas e que ilhas
Que água lambendo o arco
E o cheiro de pinheiro e do tordo cantando no meio da neblina
Que imagens regressam
Minha filha.
Aqueles que afiam o dente do cachorro, ou seja
Morte
Aqueles que brilham com a glória do beija-flor, ou seja
Morte
Aqueles que se sentam na pocilga do contentamento, ou seja,
Morte
Aqueles que sofrem o êxtase dos animais, ou seja,
Morte
Tornaram-se insubstanciais, reduzidos por um vento,
Um sopro de pinheiro e a névoa da floresta
Por essa graça dissolvida no lugar
O que é esse rosto, menos e mais claro
O pulso no braço, cada vez menos forte -
Dado ou emprestado? mais distante que as estrelas e mais perto que os olhos
Sussurros e pequenas risadas entre folhas e pés apressados
Sob o sono, onde todas as águas se encontram.
O gurupés rachou com o gelo e a tinta rachou com o calor.
Fui eu que o fiz, esqueci
E recordei.
O cordame é fraco e a lona podre
Entre um Junho e outro Setembro.
Tornei esse desconhecimento, meio consciente, desconhecido, meu.
A faixa de proteção vaza, as costuras precisam de calafetagem.
Esta forma, este rosto, esta vida
Vivendo para viver num mundo de tempo além de mim; Deixa-me
Renunciar à minha vida por esta vida, o meu discurso por aquele não dito,
Os despertos, os lábios entreabertos, a esperança, os novos navios.
Que mares, que praias, que ilhas de granito em direcção às minhas madeiras
E o tordo chamando através da neblina
Minha filha.
ARIEL POEMS, 1927-1954
T. S. Eliot Complete Poems 1909-1962
Harcourt, Brace & World, 1988.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa
regio quae mundi plaga?
Que mares, que praias, que rochas cinzentas e que ilhas
Que água lambendo o arco
E o cheiro de pinheiro e do tordo cantando no meio da neblina
Que imagens regressam
Minha filha.
Aqueles que afiam o dente do cachorro, ou seja
Morte
Aqueles que brilham com a glória do beija-flor, ou seja
Morte
Aqueles que se sentam na pocilga do contentamento, ou seja,
Morte
Aqueles que sofrem o êxtase dos animais, ou seja,
Morte
Tornaram-se insubstanciais, reduzidos por um vento,
Um sopro de pinheiro e a névoa da floresta
Por essa graça dissolvida no lugar
O que é esse rosto, menos e mais claro
O pulso no braço, cada vez menos forte -
Dado ou emprestado? mais distante que as estrelas e mais perto que os olhos
Sussurros e pequenas risadas entre folhas e pés apressados
Sob o sono, onde todas as águas se encontram.
O gurupés rachou com o gelo e a tinta rachou com o calor.
Fui eu que o fiz, esqueci
E recordei.
O cordame é fraco e a lona podre
Entre um Junho e outro Setembro.
Tornei esse desconhecimento, meio consciente, desconhecido, meu.
A faixa de proteção vaza, as costuras precisam de calafetagem.
Esta forma, este rosto, esta vida
Vivendo para viver num mundo de tempo além de mim; Deixa-me
Renunciar à minha vida por esta vida, o meu discurso por aquele não dito,
Os despertos, os lábios entreabertos, a esperança, os novos navios.
Que mares, que praias, que ilhas de granito em direcção às minhas madeiras
E o tordo chamando através da neblina
Minha filha.
ARIEL POEMS, 1927-1954
T. S. Eliot Complete Poems 1909-1962
Harcourt, Brace & World, 1988.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa