O Cultivo das Árvores de Natal

Existem várias atitudes em relação ao Natal,
Algumas das que podemos desconsiderar:
O social, o entorpecido, o patentemente comercial,
O turbulento (os pubs abertos até à meia-noite),
E o infantil – que não é o da criança
Para quem a vela é uma estrela e o anjo dourado
Abrindo as suas asas no topo da árvore
Não é apenas uma decoração, mas um anjo.

A criança encanta-se diante da Árvore de Natal:
Deixem-na continuar com o espírito de admiração
Na Festa como acontecimento não aceite mas como pretexto;
Para que o êxtase brilhante, o espanto
Da primeira Árvore de Natal lembrada,
Para que se deliciem com as surpresas, com as novas posses
(Cada uma com o seu cheiro peculiar e excitante),
A expectativa do ganso ou do peru
E o esperado espanto em sua aparência,

Para que a reverência e a alegria
Não possam ser esquecidas em futuras vivências,
Na hábito entediado, da fadiga, do tédio,
A consciência da morte, a consciência do fracasso,
Ou na piedade do convertido
Que pode estar contaminado com uma presunção
Desagradável a Deus e desrespeitoso com as crianças
(E aqui me lembro também com gratidão de
Santa Luzia, a sua canção de Natal e a sua coroa de fogo):

Para que antes do fim, o décimo oitavo Natal
(Por "octogésimo" significa o que ocorrer por último)
As memórias acumuladas da emoção anual
Possam ser concentradas numa grande alegria
Que será também um grande medo, como na ocasião
Em que o medo tomou conta de cada alma:
Porque o começo nos lembrará do fim
E a primeira vinda da segunda vinda.




ARIEL POEMS, 1927-1954
T. S. Eliot Complete Poems 1909-1962
Harcourt, Brace & World, 1988.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

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